A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse, nesta sexta-feira, que está enviando uma equipe de especialistas para apoiar as autoridades da República Democrática do Congo (RDC) na investigação para determinar a causa de uma doença misteriosa que já deixou 30 mortos no país.
“Nossa prioridade é oferecer apoio efetivo às famílias e comunidades afetadas. Todos os esforços estão em andamento para identificar a causa da doença, entender seus modos de transmissão e garantir uma resposta adequada o mais rápido possível”, diz Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS para a África, em comunicado.
Os casos foram relatados em Panzi, uma comunidade rural na província de Kwango, Sudoeste do país, a mais de 700 km da capital Kinshasa. O acesso à região por estrada é difícil, e a rede de comunicação é limitada.
De acordo com o Ministério da Saúde Pública da RDC, 394 casos e 30 mortes foram registrados até o momento. Antes, agências de notícias haviam citado mais de 100 vítimas fatais, porém parte dos relatos foram descartados ou associados à outras doenças. Os sintomas incluem dor de cabeça, tosse, febre, dificuldades respiratórias e anemia.
Um patógeno respiratório, como a gripe ou a Covid-19, está sendo investigado como possível causa, assim como a malária, o sarampo e outros. Testes laboratoriais estão sendo realizados para determinar a causa.
De acordo com os primeiros dados disponíveis, a doença afeta principalmente os mais jovens: crianças de menos de 5 anos representam 40% dos casos. A OMS disse que “compartilhará mais informações sobre os esforços para identificar a doença assim que estiverem disponíveis”.
O órgão já havia enviado um time ao país no final de novembro para reforçar a vigilância da doença. Agora, a nova equipe – composta por epidemiologistas, clínicos, técnicos de laboratório e especialistas em prevenção e controle de infecções e comunicação de riscos – está se juntando à Equipe Nacional de Resposta Rápida da RDC para ir em direção a Panzi.
Os especialistas fornecerão medicamentos essenciais, kits de diagnóstico e de coleta de amostras para ajudar a analisar e determinar rapidamente a causa da doença. Além disso, realizarão investigação epidemiológica, busca ativa de casos, tratamento e atividades de conscientização pública.
Além da doença desconhecida, a RDC também é o epicentro do atual surto de mpox que levou a OMS a decretar emergência de saúde pública de importância internacional, o status mais alto de alerta do órgão, em agosto.
De acordo com a última atualização da OMS, neste ano o país registrou sozinho mais de 39 mil casos e mil mortes pela doença. Para comparação, os números representam a vasta maioria do identificado em todo o continente africano, que não chega a 50 mil.
A explosão de casos na RDC, a expansão da mpox para novos países e a identificação de uma nova versão da cepa mais letal do vírus, chamada de Clado 1b, que passou a se disseminar por vias sexuais, foram os motivos que levaram a OMS a decretar emergência.
No final de novembro, o Comitê de Emergência do órgão se reuniu para reavaliar a medida e indicou que ainda não é o momento de encerrar o alerta. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, seguiu a orientação e manteve a emergência.
Na decisão, Tedros destacou o número ainda crescente dos casos de mpox e a contínua disseminação geográfica do vírus. Diversos países, como Burundi, Quênia, Ruanda, Uganda, Zâmbia e Zimbábue, que não tinham relatos da mpox, registraram diagnósticos da infecção viral pela primeira vez.
Além disso, o diretor-geral da OMS mencionou os desafios operacionais no combate à doença e a necessidade de montar e manter uma resposta coesa entre países e parceiros.